Os Filmes de M. NIGHT SHYAMALAN - Parte 2




SINAIS (Signs)
Dois anos depois, sai Bruce Willis e entra Mel Gibson, em um filme cujo cenário extraordinário da vez é uma invasão alienígena. E assim como nos filmes anteriores, este cenário de ficção só serve como pano de fundo para o real foco do filme: A FÉ. 

SINAIS - 2002
O personagem de Mel Gibson chama-se Grahan Hess, um homem do campo, ex-padre/pastor, pai de dois filhos, que teve a fé abalada pela morte de sua esposa. Só que agora ele se vê na situação de proteger e confortar sua família no meio de uma invasão alienígena, que não é apresentada por batalhas, combates aéreos ou planos mirabolantes para derrotá-los, como em "Independence Day" por exemplo, mas sim servindo apenas para dar o clima de medo e impotência à família diante do acontecimento de enorme proporção, fazendo o personagem de Gibson rever suas decisões e reconhecer que não há mais ninguém a quem recorrer para proteger sua família e a si mesmo, a não ser sua fé, e que tudo, absolutamente tudo, tem um motivo. 

Grahan Hess, em um conflito pessoal sobre recuperar sua fé e proteger sua família.
Quando visto sobre essa ótica, o filme enriquece grandiosamente e é melhor apreciado, revelando-se um excelente filme, porém... mais uma vez foi vendido errado na época, dando a impressão, através dos trailers, de que seria sim, um filme com foco em confrontos com alienígenas e a luta de uma família protegendo sua casa no meio da invasão. Além, é claro, da necessidade de sempre ter uma reviravolta no final. E aí, mais pessoas foram com a expectativa errada e muitos ficaram “decepcionados”, porém, o número de pessoas que gostaram do filme foi muito maior, principalmente entre as que o assistiram um bom tempo depois sem essa expectativa criada pelos trailers. 

E, por falar em expectativas, vamos ao próximo filme...


A VILA - 2004
A VILA (The Village)
E mais uma vez, o filme já começou mal ao focar seu marketing em: “O final será surpreendente! Se você já viu o filme, não conte para ninguém”. Isso já fez a expectativa e a cobrança nesse final irem às alturas. Pois bem, A vila foi lançada em 2004, e apresenta a estória de uma comunidade vivendo em uma cidadela isolada no meio de uma floresta e afastada da civilização, uma vez que não é permitido ultrapassar certos limites da floresta por causa de horríveis criaturas que a habitam e podem invadir a vila se a “trégua” for quebrada. Está aí a situação fantástica da vez: Monstros. 

Além disso, os responsáveis pela vila, liderados por Edward Walker (Willian Hurt) aparentam guardar segredos que poderiam explicar muitas dúvidas que os mais jovens possuem a respeito dessa situação vivida por todos, como o jovem Lucius (Joaquin Phoenix), que possui um grande desejo em ultrapassar o bosque e conhecer o que existe do outro lado. Além destes, a estória conta com Ivy Walker (Bryce Dallas Howard), uma jovem cega, interesse amoroso de Lucius, e que também chama a atenção do desequilibrado Noah Percy (Adrien Brody), cujos interesses são responsáveis por várias reviravoltas durante o filme, além da “grande reviravolta” prometida no final. O final realmente é ótimo, mas o excesso de expectativa criado pelos anúncios e trailers, meio que “anestesiaram” um pouco o sentimento vivido na conclusão da estória.

Ivy próxima à "criatura" da floresta.
Deixando promessas e expectativas de lado, vemos um conto de mistério clássico, cujo suspense de não saber o que se esconde no bosque, e que a qualquer hora pode se revelar, criam uma atmosfera fantástica ao filme, que também trabalha muito bem conflitos existenciais, o uso do medo para atingir objetivos, e até críticas sociais, passando novamente pela questão da fé das pessoas. Mais um trabalho de Shyamalan, que quando assistido à vontade, sem uma “bagagem mental” do que se quer ver, permite que o filme entretenha, envolva e surpreenda o espectador.


A DAMA NA ÁGUA - 2006
A DAMA NA ÁGUA (Lady in the Water)
Saber o que devemos esperar do filme às vezes é essencial para aproveitarmos o mesmo. Esse é o caso de “A Dama na Água”, de 2006. Tendo o "Conto de Fadas" como fator extraordinário da vez, a estória deste filme nada mais é do que um drama baseado em um conto de ninar que Shyamalan escreveu para contar às suas filhas à noite. Nele, Cleveland Heep (Paul Giamatti) vive o papel de um homem solitário que, durante uma noite, encontra em seu prédio, uma jovem misteriosa que tenta se esconder de todos, chamada Story (novamente Bryce Dallas Howard), que mora em uma “passagem” na piscina do prédio. 
Logo, Heep descobre que Story é uma Narf, ninfa de estorias infantis e que está fugindo de uma terrível criatura, que a impede de retornar ao seu mundo. Como pode ser visto, a estória é simples, sem muita complexidade ou pano de fundo expansivo, onde mais uma vez o foco principal fica nos personagens e na luta de Heep e dos outros moradores do prédio em conseguir fazer com que a Narf volte para casa. 


Story e Heep.
O filme pode ser considerado como um trabalho alternativo, dadas as mudanças e experimentalismos que Shyamalan faz durante o longa, dando até toques mais acentuados de humor em diversas partes. Por causa disso foi o filme mais criticado do autor até então, por, apesar de clara sua propostas, ser vendido como um blockbusters, nos grandes circuitos, disputando bilheteria com Missão impossível, por exemplo. Porém, mais uma vez, o filme quando visto de forma despretensiosa é muito bem aproveitado, pois o espectador passa a entender mais claramente as idéias e feitos do cineasta indiano.


Outros trabalhos de M. NIGHT SHYAMALAN como diretor.
Lógico que Shyamalan continuou com diversos outros trabalhos, como “Fim dos tempos” (que não falo a respeito porque não assisti ainda ^^’), e trabalhos apenas como diretor e não mais como criador, como no recente “Depois da Terra” com Will Smith, mas isso deixaremos pra outras oportunidades. 

Resumindo, M. Night Shyamalan criou excelentes filmes, que só não foram mais valorizados, pela forma errada com que vários deles foram divulgados. Mas não é tarde para apreciá-los da forma como foram propostos pelo diretor. Sendo assim, eu sugiro que, quem não assistiu a algum destes filmes, que assista-os pois são ótimos, ou até mesmo quem já os assistiu e não gostou, que dê mais uma chance, assistindo-os sobre uma nova ótica. Quem sabe não se surpreenda da forma correta dessa vez? Basta dosar e ter a expectativa certa.


~Marcivaldo Lira.

Comentários

  1. De todos os filmes citados, eu não conhecia "A Dama na Água". Sério, nunca ouvi falar! Mas fiquei com muita vontade de assistir; parece ser muito bom! Agora, preciso confessar que "A Vila" foi, sim, uma decepção. Eles realmente "venderam errado". Se não mencionassem nada sobre o final, com certeza eu teria gostado do filme. Ok, gostei. Mas eu esperava muito, muito, muito do fim. E não foi lá grande coisa.
    De "Sinais", eu já gostei mais. Não criei muitas expectativas, não. Não sei porquê, mas não criei. E me dei bem! ^^ Rs.
    Vou procurar os filmes desconhecidos e assistir. Quando conseguir, te falo sobre as minhas impressões. Excelente post, meu amigo querido! :) Beijos.

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  2. Viu como faz sentido essa teoria maluca de "vender errado"? hehehe. Muito obrigado pelo apoio de sempre, minha amiga. Espero contar com seus comentários sempre em nossos posts. Beijos ^^

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