O sucesso inesperado de Street Fighter II VICTORY no SBT

Street Fighter é, sem dúvida, a franquia de jogos de luta mais popular de todos os tempos. Por mais que tenha seus altos e baixos, seus principais personagens continuam conhecidos geração após geração de gamers. E todo esse sucesso foi graças ao grande Street Fighter II, de 1991, considerado um dos jogos mais influentes de todos os tempos. E claro, diversos sub-produtos vieram com o passar do tempo, aproveitando esse sucesso, desde diversas outras versões dele - naquele época não existiam os DLCs (downloadable contents), eram sempre jogos novos mesmo – passando por mangás, brinquedos, bonecos, animações e outros. Eram tantos que ficava difícil achar os que realmente valiam a pena serem consumidos, seja no Japão ou pelo mundo, às vezes era uma questão de sorte. E foi isso que aconteceu no Brasil pelo SBT...

Street Fighter: A batalha final - 1994

Em 1994 foi lançado o filme Street Fighter: A Batalha Final, com Jean-Claude Van Damme interpretando o personagem Guile, que neste filme era o personagem principal, deixando Ryu e Ken, os verdadeiros protagonistas do jogo, desde o primeiro Street Fighter, de 1987, como meros coadjuvantes. Não vamos ficar falando sobre a qualidade do filme (que é bem ruim, por sinal. Pronto! falei), mas o fato é que chamou a atenção e fez sucesso. Tanto que mais um anime, dentre outros foi feito baseado um pouco no filme, o Street Fighter Game. Este anime fez o seu papel de mostrar os personagens sempre caracterizados e soltando seus famosos golpes especiais, o que agradaria qualquer fã na época, logo, ao comprar os direitos para exibir o filme, o SBT também comprou o Street Fighter Game para exibir em seu Sábado Animado e nas manhãs de domingo. 

Cena de abertura de Street Fighter Game

Mas, alguns problemas do estúdio em liberar o anime para o SBT fizeram com que os prazos fossem acabando, e o SBT pressionando cada vez mais para que tivesse o material para ser dublado o quanto antes. A solução? Os estúdios da Capcom resolveram liberar outro anime do Street Fighter que já havia sido finalizado, para “compensar” os atrasos, enquanto o outro ainda não era finalizado. Mesmo relutando o SBT aceitou, apesar de achar que não faria tanto sucesso já que este novo não era tão leve e infantil quando o "SF Game", mas era melhor do que ficar sem nenhum. Esse anime substituto era nada mais, nada menos que o Street Fighter II Victory, um dos melhore já exibidos pelo SBT.

Abertura Street Fighter II V

Diferente do SF Game e do filme, o foco volta a ser os amigos Ryu e Ken, em uma jornada buscando desafios para aprimorarem suas habilidades em artes marciais e se superarem, após uma humilhante derrota para Guile, quando ambos se achavam invencíveis. O anime se permite ter várias liberdades tanto nos enredos quanto nos personagens, mudando inclusive a personalidade de vários deles. As lutas, ao decorrer do anime, são incríveis, sem a necessidade de mostrar o tempo todo os golpes característicos dos games, o que valorizava demais quando algum era enfim mostrado.

A trama possuía um belo enredo, no qual a dupla conhece a bela Chun-li, filha do delegado responsável pela investigação de uma organização criminosa, mais tarde revelada ser a Shadaloo, chefiada pelo perigoso M. Bison. As lutas acabam ficando mais épicas, e Ryu e Ken vão descobrindo novas forças interiores, o poder do Hadou, guiados pelos ensinamentos do sábio Dhalsin, em suas viagens pela Índia. A cena em que Ryu realiza movimentos para concentrar e dominar o Hadouken está na mente de cada um que acompanhou o anime na época, e eu sei que cada um dos que lembram, tentou repetir os movimentos, lembrando da musiquinha característica, hehe.

Cena clássica do Ryu energizando o Hadouken

A história era tão boa que nem nos importávamos tanto com as diferenças dos personagens com relação ao jogo. E daí que o grande vilão Sagat foi retratado como um cara bom, que foi acusado de um crime injustamente? tudo bem. A Chun-li ser uma guia de turismo ao invés de uma agente da Interpol? ok, serviu na trama. O gosto pela série era tanto que eu mesmo, ao invés de procurar imaginar os poderes e vestimentas do game no anime, fiz o contrário: Eu jogava Street Fighter imaginando os personagens como eram no desenho.

O sucesso foi tão grande que a audiência no horário aumentou bastante, tanto que o SBT passou a exibir resumos dos episódios anteriores, ocupando quase o tempo todo de um episódio novo, para prolongar e atualizar quem começava a acompanhar naquele momento, adiando bastante a exibição do ultimo dos 29 episódios da série, que foi épico, o melhor episódio final de um anime na minha opinião. Lembro de ter gravado em uma fita VHS e ficava re-assistindo todos os dias, pois era muito empolgante.

Tempos depois, o SBT finalmente conseguiu exibir o Street Fighter Game, mas lógico que não fez o sucesso de Street Fighter Victory, o melhor anime sobre game já exibido pelo SBT.

OUTRAS CURIOSIDADES

- O personagem Gouki (Akuma) não participa da trama, mas  aparece em quase todos os episódios secretamente, como “figurante” em bares, aglomerações, aeroportos e outros lugares.

Algumas aparições de Akuma

- Vários dubladores que fizeram as vozes de personagens em Victory repetiram suas dublagens no filme de animação Street Fighter II: The Animated Movie (como Ryu e Ken por exemplo, que inclusive possuem as mesmas vozes na dublagem do filme live-action).

- Falando em dublagem, no episódio final em que Ryu executa seu chute giratótio em Bison, ele fala Hurricane Kick ao invés de Tatsumaki Senpuu Kyaku ou Chute Furação, como dito nos episódios 4 e 5.

- No anime, Guile ainda é sargento, enquanto que em outras mídias ele é Coronel ou Capitão.

- Na seqüência final da batalha contra Bison, os golpes que pouco foram executados ao longo do anime, foram valorizados ao serem desferidos em uma bela seqüência. Para vingar as maldades que Bison fez aos amigos, Ryu executa um Hurricane Kick pela Chun-li, um Shoryuken pelo Ken e termina com um Hadouken por ele mesmo. Antes ainda desferiu um Flash Kick, possivelmente por Guile, já que é um golpe característico dele.

Até o próximo post e... Nós vamos ao encontro do mais forte!!!

~Marcivaldo Lira