CHAPOLIN COLORADO (Parte 1) - Não contavam com sua astúcia


Quem assiste ou já assistiu ao SBT sabe da grande influência que certo programa mexicano tem na vida de todos os brasileiros, e não estou falando das centenas de novelas da Televisa que a emissora de Silvio Santos sempre compra, mas sim de Chaves, outro produto da emissora mexicana, que desde a sua estréia, em 1984, caiu nas graças dos telespectadores que até hoje assistem suas reprises. Isso graças a um incrível e competente trabalho do gênio Roberto Gomes Bolaños, que criou algo engraçado e divertido, por ter conteúdo de certa forma atemporal e não apelar nunca, mantendo o teu humor puro e constante.

Chegaram juntos ao SBT, mas só um continua reprisando =/
Só que Chaves não foi o único programa de Bolaños que fez sucesso no SBT em todos esses anos. Outra série de episódios, que possuía o mesmo elenco da vila, e que contava as aventuras e peripécias de um certo herói colorado e atrapalhado era exibida junto com Chaves, mas por algum motivo, parou de ser reprisado, deixando muita saudade e nostalgia pra uma geração. Mais ágil que uma tartaruga, mais forte que um rato, mais inteligente que um asno... é claro que estou falando do CHAPOLIN COLORADO.


Também completando 30 anos no SBT agora em 2014, Chapolin pode não ser tão conhecida pela geração atual (que o conhece mais pelo “Chapolin Sincero” no facebook), mas é muito lembrada e citada até hoje por quem acompanhou seus episódios nas ultimas décadas. Por isso vamos conhecer melhor sua origem.

Uma das poucas imagens do Chapolin vistas hoje em dia 
Roberto Gomes Bolaños escrevia roteiros de humor para o programa Cómicos y canciones, na Television Independiente de México (TV TIM) assim como para uma dupla de comediantes “Viruta e Capulita”, chamando bastante atenção pela qualidade das piadas, ganhando logo mais espaço para novas intervenções no programa, de oito a dez minutos cada. Já em 1970, os trabalhos de Bolanõs foram inseridos em um programa próprio intitulado CHESPERITO – apelido pelo qual Bolanõs era conhecido - no qual novos quadros foram feito, e aí nasceu El Chapulin Colorado”, tornando-se um grande sucesso logo de cara, tanto que não demorou para ganhar um horário próprio, assim como Chaves, outro quadro de destaque.
Quadro do Cómicos Y canciones
Los supergenios de la mesa cuadrada
O Chapolin Colorado foi criado pra ser uma sátira dos super-heróis norte-americanos que possuíam sempre super-poderes, recursos e imagens heróicas. Chapolin foi criado mesmo para ser um herói fraco, tonto, sem recursos ou características sensacionais, até mesmo para fazer certa crítica social em relação à condição da América Latina, mas Bolanõs sempre enaltecia seu valor e o considerava, sim, o verdadeiro Herói da America, pois segundo ele: “Chapolin não tem as propriedades extraordinárias dos super-heróis: é tonto, desastrado e medroso. Mas também é um herói porque supera o medo e enfrenta os problemas para ajudar as pessoas, e é aí que estão o Heroísmo e a Humanidade". Já pensaram nisso?

Um dos inúmeros bordões de Chapolin. Mesmo relutando muito, por medo ou preguiça, ele ia fazer o que era certo ^^
Em 1973, a TV Tim foi comprada pela poderosa TELEVISA, o que fez com que os programas de Chesperito recebessem melhorias técnicas, sendo posteriormente exportados para diversos países da América Latina, tornando um sucesso internacional (já exibido em mais de 70 países até hoje). O último episódio foi ao ar em 1979, retornando 5 anos depois como um quadro do novo programa de Chesperito, e encerrando definitivamente em 1993.


No ultimo episódio do programa, em 1979, parte do elenco fala sobre o personagem. 
Vindo para o nosso lado, no Brasil Chaves e Chapolin chegaram em 1984, como um “conteúdo extra” do pacote de novelas da Televisa (faremos um “Você Sabia?” sobre isso em breve). O primeiro episódio foi “O Cleptomaníaco” (ou "Aristocratas vemos, gatunos não sabemos"), de 1978, onde Ramon Valdez interpreta o Conde Chihuahua Terra Nova em uma visita a um colecionador de selos (Carlos Vilagrán), supostamente para comprar alguns exemplares, mas acaba surrupiando alguns objetos da casa. 


Nesse episódio podemos perceber que a dublagem do Chapolin ainda estava se adaptando, apresentando uma voz fininha, assim como o Chaves no episódio da lagartixa. Aliás, nesta dublagem ele ainda era chamado de "Polegar Vermelho" ou "Vermelhinho", pois ainda não haviam decidido se manteriam o nome original. Outro detalhe a ser lembrado é a presença de bordões e momentos clássicos já no primeiro episódio, como a frase “Sou pobre, porém honrada” da empregada Atadolfa (Florinda Meza) - os nomes de personagens são demais -, as constantes quedas do herói, o efeito cromaqui, o uso da pastilha de nanicolina, a torcida pelo escalada do muro (“Polegar!”, “Vermelhinho”, “Polegar!”, “Vermelhinho”...”QUIETOS!!!”), e muitas outras, como o diálogo que me faz rir muito até hoje:
Conde: - Se ele descobre que surrupiei os selos, me cai a cara de vergonha.
Chapolin: - Bem... se te cai a cara, poderia aproveitar pra arrumar uma menos feia.
(sério, to rindo só de lembrar ^^)



Percebam que de um só episódio já vieram tantas recordações e momentos clássicos, não revi o episódio pra lembrar desses momentos, foram piadas marcantes mesmo, e o mesmo acontecem em todos os demais episódios de Chapolin. 

Por isso, pelos 30 anos passados da estréia de Chapolin, junto com Chaves, no Brasil, o SBT poderia trazer de volta o seriado do Polegar vermelho, já que muitos telespectadores desejam e se manifestam pelas redes sociais, espero que consigam, pois ele não foi esquecido. 
Tanto que este é só o primeiro post sobre o Chapolin. Nos próximos posts, iremos conhecer curiosidades, relembrar episódios, diálogos hilários e claro, alguns personagens marcantes... pois o que seria do herói se não fossem os vilões? 

PARTE 1 - PARTE 2 - PARTE 3

~Marcivaldo Lira

Comentários

  1. Adoraaaava assistir Chaves e Chapolin! Há certos bordões e também canções que não saem da minha cabeça até hoje (apesar de nunca lembrar da letra por inteiro, rs), bem como episódios que lembro com carinho. Chapolin e a sua astúcia salvavam a nós, telespectadores, do tédio, com seu humor brando, sem maldades, sem as coisas "politicamente incorretas" que vemos hoje. Viva o Chapolin, e sigam-no os bons! ^^

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    1. Gostei muito do teu comentário, minha amiga. Mostra que Chapolin fez parte da infância de todos nós, pois é rápido que lembramos e reconhecemos os bordões, hehe. Muito obrigado pelos comentários de sempre, Nat. Beijos ;)

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  2. Caraca, que nostalgia!!! Eu gostava mto de chaves e de chapolin, mas confesso que as vezes ficava com medo de alguns episódios de chapolin... Eu era criança, né!? Lembro do Abominável Homem das Neves e o do Cachimbo HHH... Nossa, eu sempre ficava com medo nesses episódios, mas era legal de ver mesmo assim. Ah, sem contar o dos piratas! "Somo todos piratas... somos os donos do mar!". Deu até vontade de rever. :)

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    1. Muita nostalgia mesmo, Talita. Ao escrever esse texto veio tanta coisa em mente que eu decidi estabelecer que essa é só a primeira parte, pra que eu possa fazer outras sobre outros assuntos dentro do seriado. Com certeza falarei sobre os piratas (lembro da versão que fizemos: "Somos programadores", hehe) e dos episódios que davam medo ^^. Vamos relembrar juntos ;) Abraços minha amiga

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  3. Muito bom o artigo. Eu gostava muito do Chapolim, lembro que quando criança eu dizia que achava até melhor que Chavez, pois era sempre uma história com personagens diferentes. Acho que nunca vou rir tanto quanto naquele do velho oeste com o retrato falado.

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    1. Artigo? hehe. Valeu, Tales. Eu tambem gostava mais de Chapolin por esse mesmo motivo: a variação nas histórias. Cada episódio é uma sessão de risos ^^

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