DOCTOR... WHO? - UM PEQUENO GUIA DE PRIMEIRA VIAGEM.


Saudações Inofensivas! Ou pelo menos praticamente...

Como vossas autarquias bem sabem (caso não, cliquem aqui), o primeiro episódio da oitava temporada da nova fase de Doctor Who será exibida não só pela TV, como de costume, mas também por salas de cinema ao redor do mundo!

Nossa, Batalha, que show! Eu bem que gostaria de assistir, mas nunca tinha ouvido falar dessa série antes, e não quero cair de paraquedas no meio disso tudo...”

Ora, que situação comovente a do nosso amigo acima. É pensando em casos como o dele que lhes trago este pequeno guia (consideravelmente) resumido, com (quase) tudo o que você precisa saber sobre o universo do Doutor e os elementos que lhes dão vida há mais de cinquenta anos.

Vamos lá?


 A série estreou em  1964, na Inglaterra, e desde então vem conquistando pessoas ao redor de todo o mundo. Reverenciada enquanto a série de ficção científica de maior duração do mundo, Doctor Who está incrustado na cultura pop inglesa e tem por objetivo mostrar as aventuras de um viajante do tempo que se depara com as mais diversas situações através do universo, a bordo de sua nave e acompanhado de pessoas que o ajudam a viver isso tudo e muito mais. A premissa é simples, mas não se deixe enganar: Doctor Who carrega consigo uma carga filosófica fascinante, sobre a qual você pode ler aqui

Sem mais delongas, vamos ao que interessa:

Doutor Quem? 

“Um homem louco com uma caixa.”: Assim poderíamos resumir a verdadeira alma do protagonista.
O Doutor (nome adotado por ele, sendo o de batismo um mistério) é, antes de mais nada, um Senhor do Tempo: uma das mais antigas raças do universo, originárias do planeta Gallifrey.

Os Senhores do Tempo surgiram de bilhões de anos de exposição ao vórtex temporal, através de uma fenda em seu planeta.

 São extremamente poderosos e evoluídos tecnologicamente, possuidores do poder de manipular o tempo de uma forma de nenhuma outra forma de vida é capaz, além de possuírem uma maneira própria de garantir sua longevidade e enganar a morte: Essa raça de dois corações tem a capacidade de regenerar cada célula do seu corpo de forma a continuar existindo como uma nova pessoa, perdendo algumas características e assumindo outras, o que nos leva à primeira observação quanto a personalidade do Doutor: ele possui várias!

 
Sim, caríssimos. O mínimo olhar curioso sobre a série deve ter percebido que vários atores são apontados como aqueles que interpretaram o doutor. E vários o fizeram. Desde a estreia da série, em 1964, o senhor do tempo possuiu 13 rostos, contando com sua regeneração no final da última temporada, e cada um desses carrega suas particularidades, como várias faces de um mesmo homem.


Primeiro Doutor

O Alienígena aparece pela primeira vez como um idoso carrancudo, desconfiado e dono de um ar superior que causa certa antipatia ao primeiro olhar, mas percebemos ao longo de sua trajetória que o primeiro doutor se torna menos duro e adquire uma personalidade protetora para com os que estão próximos dele, amolecendo perante os olhos do telespectador.




 

Segundo Doutor

 Diferente do primeiro, esta regeneração é brincalhona e calorosa, sempre escondendo suas reais capacidades para que seus inimigos o subestimassem. O 2º agia sempre de forma meticulosa, apesar de seu comportamento aparentemente nada disciplinado.



 

Terceiro Doutor

 Esta regeneração possui aspectos que o diferenciam duas anteriores. É, antes de mais nada, um homem de ação. Armado de seu Aikido Venusiano não pensa duas vezes antes de agir em prol de seus objetivos. Exilado na Terra, trabalhou com a UNIT (UNified Intelligence Taskforce, ou United Nations Intelligence Taskforce), empregando sua genialidade em invenções, tais quais o seu famoso carro, Bessie. Ao contrário do segundo doutor, possuía um comportamento mais contido e educado, como um cavalheiro.



 

 Quarto Doutor

 De longe um dos mais queridos pelos fãs da série, o quarto doutor é excêntrico e bem humorado, carregando uma jovialidade que seus antecessores não possuem. Não gostava da ideia de trabalhar com a UNIT, ao contrário do terceiro doutor, e por isso viajava constantemente, raras sendo as vezes em que trabalha em conjunto com ela. Era um amante da paz, mas se tornava violento quando necessário.




Quinto Doutor

  Uma das regenerações mais próximas dos sentimentos humanos. Esse Doutor é mais vulnerável e costuma manter maior diálogo com suas companheiras de viagem (sobre as quais falaremos em breve), e também as tratava como uma verdadeira equipe, e não como apenas ajudantes. É mais humilde que os seus antecessores, e prefere o diálogo em situações problemáticas, além de ser contra qualquer tipo de violência desnecessária.




 Sexto Doutor

  Diferente do 5º, este Doutor é muito arrogante e teimoso, julgando-se superior a todos, mas também emotivo e preocupado com aqueles ao seu redor, fazendo o possível para salvar todos que pode. É mais violento que os doutores que vimos até agora, chegando ao ponto de matar, caso necessário.





Sétimo Doutor

  Essa regeneração trás o senhor do tempo enquanto um estrategista habilidoso com habilidades de manipulação consideráveis. Chegou como alguém alegre e excêntrico, mas com o passar do tempo foi se tornando mais sério. Levava muito a sério a sua posição de senhor do tempo, fazendo tudo que era necessário em suas aventuras, sem medir as consequências.


Oitavo Doutor

Este Doutor apareceu no filme para a televisão produzido em 1996. Era romântico e sensível, uma das regenerações menos lembrada pelos fãs. Nutre amor e respeito por todas as formas de vida, em especial com os seres humanos. Passou seu tempo viajando e fazendo o possível para não tomar parte na guerra temporal entre sua raça e os Daleks (falaremos sobre eles mais adiante). Após eventos mostrados no episódio especial "The Night Of The Doctor", escolheu, com a ajuda da irmandade de Karn, se regenerar em um guerreiro.

 

War Doctor

 Essa regeneração é aquela que nega a promessa que o nome do Doutor carrega. Ao invés de um “curador”, o War Doctor se considera um guerreiro, criado no calor da batalha para lutar na última grande guerra temporal, e cujos atos tiveram grande repercussão nas regenerações seguintes, que negam sua existência e encobrem essa parte de sua vida em mistério e sombras.

Nono Doctor

A primeira regeneração do Doutor depois da Guerra Temporal e também da retomada da série em 2005. O 9º carrega sobre os ombros o peso de seus atos durante a Guerra, golpes emocionais que fizeram com que o Doutor fizesse renascer seu encanto pelo universo e seus mistérios e maravilhas, não medindo esforços para mantê-lo seguro. Amava todas as formas de vida e nutria singular curiosidade pela raça humana.



Décimo Doutor

Inteligentíssimo, sagaz, extremamente carismático, empolgado e por vezes dotado de certo exagero, o 10º é um dos mais queridos doutores. Agia sem freios ou hesitação quando impulsionado pela raiva ou senso de justiça, o que faz necessário que ele sempre tenha alguém a seu lado para lhe servir de suporte racional e moral. Era dotado de um frenético senso de aventura e podia mudar de humor tão bruscamente quanto a situação requeria. É capaz de se sacrificar quando necessário, pondo em primeiro lugar a segurança de seus amigos.



 Décimo Primeiro Doutor

 Essa regeneração foi a que esteve conosco nos últimos anos, e talvez uma das mais interessantes. De um lado, vemos um alegre, entusiasmado, bem-humorado e até mesmo bobo e infantil viajante que adora viver grandes aventuras e adentrar o desconhecido, exibindo-se para seus companheiros de viagem e, é claro, arranjando confusão. Por outro, percebemos toda a dor, raiva e sofrimento que 1200 anos de estrada podem causar a alguém. O 11º é altruísta e extremamente otimista, capaz de fazer tudo pelo bem do universo. Está sempre cercado de amigos que fariam qualquer coisa por ele, assim como ele o faz.


 


Décimo Segundo Doutor

  Sobre esta regeneração pouco sabemos, mas algumas dicas foram dadas no material de divulgação da nova temporada. Creio que podemos esperar um Doutor mais sombrio do que nunca, com um grande conflito quanto à sua natureza, que será um contrapeso à sua companheira, Clara Oswin.







Ao observar as características apresentadas acima podemos pensar um pouco mais a fundo sobre essa figura milenar e extremamente poderosa em sua simplicidade. O Doutor é a representação extrapolada do próprio ser humano. Não estamos diante de um ser fantástico que habita além de nossas imaginações, com seus comportamentos imutáveis e impassíveis de questionamentos. Não estamos falando de um ser utópico. O Doutor é um herói, sim, mas seu heroísmo reside exatamente em seus muitos momentos de fraqueza onde o que fala mais alto é a promessa que fez ao universo ao escolher seu nome. As maiores armas desse, que é considerado um salvador por uns e um terrível arauto da perdição por outros, são sua sabedoria e a disposição de arriscar tudo em nome dessa promessa, que nem sempre pode ser mantida, refletindo dor e culpa, tal qual em mim ou você. Mas acima de tudo sua capacidade de seguir em frente e encontrar nas derrotas a força para crescer é o que o torna cada vez mais poderoso. Um homem que, sem usar arma alguma, tem o poder de recuar exércitos apenas à menção de seu nome. Amado, odiado e temido pela extensão de todo o espaço-tempo, o Doutor, tal qual os humanos que tanto admira, é recheado de contradições que lhe dão vida.

“Homens bons não precisam de regras. Hoje não é um bom dia para descobrir porque eu tenho tantas.”  - Doutor (A Good Man Goes To War)


 A TARDIS


Bom, caros viajantes, é simplesmente impossível pensar em Doctor Who sem pensar em sua mais fiel companheira: A TARDIS!


Time And Relative Dimensions In Space. A nave do Doutor é alta tecnologia dos Senhores do Tempo. Cultivada, não construída, essa máquina possui consciência e desempenha papel crucial na jornada desse viajante, sempre levando-o onde ele precisa ir, mesmo que não seja onde ele deseje ir.
A primeira impressão que temos é que se trata de uma grande caixa azul. Ora, o que diabos uma cabine telefônica da década de 60 está fazendo voando por aí com essas pessoas dentro? Eu explico.
É tudo parte de um sistema de camuflagem. O Sistema Camaleão, como é chamado, trata de adaptar o exterior da nave com base no local onde ela aterrissa, buscando a forma de um objeto que se misture ao meio e passe despercebido pelos habitantes locais. Estava tudo funcionando perfeitamente até o Doutor aterrissar na Terra da década de 60, onde aparentemente algum defeito acometeu a nave e a deixou presa na forma que se tornou um dos maiores ícones da série.

“É maior por dentro!”

 
Exterior

Interior

 Oh, sim. O primeiro grande impacto que os companheiros do Doutor têm ao conhecer a TARDIS é ao entrar nela. Ela possui o exterior na forma de uma cabine telefônica, mas seu interior é bem maior que isso. Mas como isso é possível? Será uma versão intergaláctica da bolsa do gato Félix? Talvez, hehe. A verdade é que a TARDIS usa um sistema onde seu interior está em uma dimensão diferente do seu exterior, como se existissem paralelamente, o que permite manter um verdadeiro mundo dentro dela, como podemos perceber no episódio “Journey To The Centre Of the TARDIS”, onde vemos que uma supernova serve como fonte de energia no coração da nave.

Quanto ao sistema de navegação, a TARDIS pode se desmaterializar em um ponto do espaço-tempo e se rematerializar em outro, viajando através do vórtice temporal. É como se ela pudesse estar em todos os lugares e todos os momentos de uma só vez, como se tempo e espaço fossem organizados de forma diferente da que estamos acostumados a pensar, em uma grande sopa sem aqui ou ali. Raras são as vezes que a nave voa de um ponto para o outro da forma convencional, o que ocorre só em emergências. 

A TARDIS atravessando o vortex temporal
 
A relação do Doutor com sua nave é quase romântica, como percebemos pelo modo que ele a trata e fala com ela, talvez pelo fato de a nave ser a única que o acompanhou desde o início de suas aventuras, sem nunca o deixar, sendo talvez o único ponto visual fixo da série, visto que mesmo o Doutor muda sua aparência. Como podemos notar no episódio “The Doctor’s Wife”, escrito por Neil Gaiman, onde a nave tem sua consciência presa em forma humana, a TARDIS mantém pelo doutor um sentimento recíproco, dotada de certos aspectos que podem ser considerados vivos, sendo indiscutível que a relação dos dois é profunda e de certa forma, bonita.

Vilões Recorrentes


Se eu pudesse falaria de cada um dos vilões da série, acredite, mas apesar de não me faltar vontade seria realmente desnecessário visto que esse texto tem por objetivo apenas situar o leitor no contexto da série e quiçá convence-los a assisti-la. Dito isso, apresentarei rapidamente alguns dos inimigos mais recorrentes do Doutor.

Cybermen


São ciborgues humanoides originários do planeta Mondas, gêmeo da Terra, onde os habitantes passaram a substituir partes do corpo por peças mecânicas até que só o restou foram seus cérebros. Os cybermen repudiam qualquer forma de vida diferente de si e julgam que todos devem ser “atualizados” à sua semelhança, tornando-se também um ciborgue. Nota-se o desprezo que essa raça possui por toda e qualquer individualidade, buscando um mundo onde todos sejam iguais, sem diferenças de classe, raça ou  cor, mas também sem livre arbítrio.

 

Daleks


 Esses grandes saleiros ambulantes são os maiores inimigos do Doutor e de seu povo. Os daleks são criaturas do planeta Skaro, criados pelo cientista Davros, e constituem uma das mais odiosas do universo, que só pensam em poder e soberania em nome de sua autoproclamada superioridade sobre as demais formas de vida, incapazes de sentir outro sentimento senão o ódio. Lutaram contra os Senhores do Tempo durante a Time War e parecem sempre conseguir uma forma de escapar e sobreviver.



Weeping Angels (Anjos Chorões)


 Tão antigos quanto o universo, essas criaturas possuem origem desconhecida e são temidos por qualquer um que os encontre. Se alimentam de energia temporal, logo sua forma de “Matar” as vítimas é envia-las ao passado através do toque para gerar sua fonte de energia. Possuem uma forma de sobrevivência interessante, baseada em uma espécie de “tranca quântica”, que os transforma em pedra quando estão no campo de visão de alguém ou alguma coisa, existindo apenas quando ninguém está olhando, o que justifica sua habitual posição de olhos protegidos para evitar que eles troquem olhares. Criaturas solitárias, eles devem ser. Portanto lembrem-se: NÃO PISQUEM!


Silence

Não poderia deixar de mencionar um dos mais fascinantes vilões da história da televisão. Me digam, como vocês lutariam contra um inimigo do qual não lembram? Difícil, não? Pois essa é a principal arma dessas criaturas. Infiltradas na humanidade há tempos incontáveis, eles são esquecidos por quem os encontra no exato momento que saem do seu campo de visão. São lembrados somente enquanto são vistos. Sussurrando coisas nos ouvidos dos homens, influenciaram a história do planeta Terra sem a menor suspeita, mesmo que todos soubessem.


The Master


Espécie de arqui-inimigo do Doutor, o Master é também um Senhor do Tempo. Renegado de sua raça, viaja pelo universo com intuito de governa-lo e destruir o Doutor. Possui um peculiar talento em falhar em ambos, mas está sempre por aí para arrancar uma expressão surpresa de medo do nosso viajante.







Companheiros


O Doutor é, como dissemos anteriormente, extremamente convencido, e por conta disso adora ter consigo alguém para poder exibir suas capacidades e as maravilhas que sua nave pode proporcionar. No entanto não podemos reduzir somente a esse ponto. Seus companheiros de viagem são, antes de mais nada, um suporte que este solitário homem precisa em suas viagens através do universo, sendo por diversas vezes a sua própria consciência em momentos de fúria ou dúvida. A imagem abaixo, de origem desconhecida, mostra os Doutores e seus respectivos companheiros de viagem:

Bom, galera, o principal intuito desse texto é fazer com que vocês busquem assistir a série e vejam com seus próprios olhos tudo o que foi dito aqui, e muito mais. Doctor Who completou 50 anos com uma legião fiel de fãs, sendo uma das mais importantes produções de seu gênero, carregando grandes nomes, como Alan Moore, Neil Gaiman e Douglas Adams, que direta ou indiretamente possuem um dedo na construção de um dos maiores símbolos da cultura pop inglesa, mas isso é assunto para outro texto. 


Grande abraço e até a próxima!


~Batalha

Comentários

  1. As vezes eu esqueço que o Adam Mitchell foi um companheiro, apesar da participação curta ele tem uma importância maior do que aparenta pro legado dos companions, podendo ser considerado um tipo raro que renega as qualidades básicas dos outros.

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